Dados recentes do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que nos primeiros sete meses de 2021 já foram concedidos 108.263 benefícios por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) para trabalhadores com transtornos mentais e comportamentais. No grupo de 468 doenças estão incluídos transtornos como depressão, ansiedade, pânico, esquizofrenia, estresse pós-traumático, transtorno bipolar e fobia social.

Ainda segundo o levantamento, de 2019 para 2020 houve aumento de 29% na concessão de auxílio-doença para doenças relacionadas a transtornos mentais e comportamentais. Foram 289.677 liberações em 2020, enquanto no ano anterior, em 2019, houve um total de 224.527 concessões. A depressão e ansiedade estão como os principais casos de pedidos de afastamentos. O transtorno misto de ansiedade e depressão, por exemplo, foi a causa de 15.648 licenças em 2019 enquanto em 2020 afastou 20.986 trabalhadores. Os episódios de depressão grave saltaram de 15.808 concessões para 26.327, aumento de quase 67%. Já a ansiedade generalizada, que um ano antes da pandemia incapacitou 7.939 trabalhadores, em 2020 foi responsável por 13.646 licenças, crescimento de aproximadamente 72%.

Para a psicóloga Lorena Correa Paixão, responsável pelo setor de Gestão de Pessoas da Cetus Oncologia – clínica com sede em Betim e unidades em BH e Contagem -, o crescimento exponencial de todos esses casos, mostram, claramente, os efeitos da pandemia na saúde mental das pessoas. “A vulnerabilidade emocional com a chegada da Covid-19, principalmente para quem já tinha comportamentos e sintomas de ansiedade e depressão, ficou muito mais acentuada. É óbvio que o isolamento, as incertezas sobre o vírus, as cobranças do trabalho remoto, ou seja, todas essas novidades que chegaram e tomaram conta das nossas vidas de uma vez só, contribuíram até mesmo para aqueles que nunca tiveram transtornos mentais ou comportamentais, passassem a ter”, enfatiza.

Ainda de acordo com Lorena, é importante considerar nessas estatísticas, a síndrome do esgotamento mental, também conhecida como Síndrome de Burnout, que além de todas as tensões que traz ao indivíduo decorrentes da quantidade exacerbada de trabalho, tem a ansiedade e a depressão como sintomas principais. “Essas concessões, se diagnosticadas simplesmente como Burnout, podem, infelizmente, prejudicar o trabalhador dentro de sua empresa. Por isso, muitas acabam sendo mascaradas como ansiedade e depressão”.

Diferenciar os sintomas é importante

Lorena afirma que os momentos de ansiedade, desânimo, tristeza e cansaço são características do comportamento humano. O importante é saber diferenciar os sentimentos momentâneos de sensações constantes e generalizadas. “Todos nós precisamos de um mínimo de ansiedade para levantar da cama, idealizar e concretizar projetos. Entretanto, se ela [ansiedade] é exacerbada a ponto de você acordar no meio da madrugada com o coração acelerado ou sequer dormir, ficar constantemente desanimado e triste na hora de começar o trabalho, comer demais ou pouco, ficar prostrado durante grande parte do dia, pode ser que esteja entrando em um quadro de ansiedade generalizada ou até mesmo depressão”. Esses sinais merecem atenção, segundo a psicóloga, quando ocorrem há mais de duas semanas. Nessas situações, Correa recomenda buscar ajuda especializada, sem medo, nem vergonha de se expor. “A depressão e ansiedade são transtornos cada vez mais comuns nos dias de hoje, diante de todas as turbulências que vivemos. Não somos máquinas. Somos sensíveis, vulneráveis e precisamos entender que assim como a saúde física merece cuidado, a mental também requer muitos cuidados, talvez até maiores. E a pandemia que nos tirou tantos prazeres corriqueiros, como o simples momento do abraço, está aí para nos mostrar isso. Como diz o ditado,’mente sã, corpo são'”.

*Com informações da assessoria de comunicação da Cetus Oncologia

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